Por Vinicius Freire
Vivemos nestes últimos meses, um tempo atípico para nossas vidas, segundo a história, apenas nas primeiras décadas do Século XX, mais precisamente nos anos de 1918 a 1920 a chamada gripe espanhola foi a última grande pandemia vivida pela humanidade, e foi tão perigosa como essa pela qual temos passado. Hoje estamos em um momento da história no qual possuímos muita tecnologia de informação, internet, computadores, smartphones fazem parte do nosso cotidiano, mas como estamos em meio a um isolamento social, isso potencializa ainda mais o tempo que já passávamos imersos na internet e nas redes sociais.
Dessa
forma, pessoas que não eram tão ativas nas redes têm se tornado e
aqueles que já o eram estão mais ainda. Vemos postagens de todo o
tipo, especialmente sobre política. A intenção desse texto não é
criticar tais posts, pois a política faz parte da vivencia na pólis,
na sociedade, cada um de nós podemos e devemos exercer nosso direito
a voz, afinal (ainda) vivemos em uma democracia.
Mas
uma coisa que sempre me incomodou como cristão foi a relação da
Igreja com a política, mais grave ainda considero a relação da
Igreja com a política partidária. Entendam, não sou contrário a
participação do cidadão cristão, evangélico de exercer seu
direito ao voto, a participar como candidato a uma eleição, isso
faz parte do exercício democrático, mas sim, do uso da instituição
religiosa para se conseguir votos, ou da ideia de que a Igreja
precisa governar nesta terra, uma vez que o próprio Cristo afirma
que o seu “Reino não é desse mundo” ( João 18: 36
).
Assim,
o que mais tenho visto nessa quarentena, sobretudo nas redes sociais,
são cristãos inclusive a grande maioria pastores, que em vez de
espalhar uma mensagem de esperança ou conforto neste momento, tem se
ocupado de defender o atual presidente e atacar qualquer grupo,
pessoa ou partido que critique o mesmo. Boa parte da Igreja tem
colocado suas esperanças em um Messias que não é aquele que morreu
na cruz por nós, tem se entregado a um projeto de poder cegamente
sem ao menos tentar fazer uma análise crítica dos fatos. Em meio a
isso está engendrado nessa lógica, uma teologia que tem ganhado
cada vez mais força no meio evangélico, a teologia do domínio.
Essa teologia traz a lógica que a igreja tem que dominar todos os
lugares (setores) para que o Reino de Deus se manifeste, mas na
prática, é uma forma de alguns líderes religiosos conseguir
manobrar seus membros para alcançar seus objetivos, o que me parece
mais farisaico do que cristão, não se pode forçar um povo ou
população a agir como cristão, a crer como cristão, a pensar como
cristão isso é antibíblico “não por força, nem por
violência, mas por meu Espírito” (Zacarias 4:6).
Portanto,
em tempos de pandemia, a sociedade precisa de uma Igreja que pregue,
que fale de Jesus, uma Igreja que ame, como tenho visto em alguns
casos, uma Igreja que ajude aos necessitados, que entenda e colabore
com as orientações dos especialistas, para que o Brasil saia dessa
luta com as menores sequelas possíveis, uma Igreja que não se cale
diante das injustiças praticadas sobretudo contra os mais pobres,
uma Igreja de fato Cristã.
1 comentários:
Precisamente, bem colocado. Política sim, mas a nível individual, mas politicagem partidária que busca direcionar a assembleia a um projeto político, aí não. Púlpito não é palanque.
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