sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Estudo Bíblico - Livro de Levítico



Levítico (Lv)
 
Escritor: Moisés
Lugar da Escrita: Ermo
Data: Cerca de 1445-1405 a.C.

O nome mais comum do terceiro livro da Bíblia é Levítico, que vem de Leu·i·ti·kón da Septuaginta grega, através do "Leviticus" da Vulgata latina. Este nome é apropriado, embora os levitas sejam mencionados apenas de passagem (em Levítico 25:32, 33), pois o livro consiste principalmente em regulamentos para o sacerdócio levítico, escolhido da tribo de Levi, e em leis que os sacerdotes ensinavam ao povo: "Pois, são os lábios do sacerdote que devem guardar o conhecimento e da sua boca devem as pessoas procurar a lei." (Mal. 2:7) No texto hebraico, o livro é chamado segundo a sua expressão inicial, Wai·yiq·rá´, literalmente: "E ele passou a chamar." Entre os judeus posteriores, o livro era também chamado de Lei dos Sacerdotes e Lei das Ofertas. Lev. 1:1.

Não resta dúvida de que Moisés escreveu Levítico. A conclusão, ou colofão, declara: "Estes são os mandamentos que Deus deu a Moisés." (Levítico 27:34) Há uma declaração similar em Levítico 26:46. As evidências apresentadas anteriormente, de que Moisés escreveu Gênesis e Êxodo, comprovam também que ele escreveu Levítico, visto que o Pentateuco evidentemente era originalmente um só rolo. Além do mais, Levítico é ligado aos livros precedentes por meio da conjunção "e". O mais forte testemunho de todos é que Jesus Cristo, bem como outros servos inspirados de Deus, citam freqüentemente as leis e os princípios de Levítico ou referem-se a eles e os atribuem a Moisés. Lev. 23:34, 40-43 Nee. 8:14, 15; Lev. 14:1-32 Mat. 8:2-4; Lev. 12:2 Luc. 2:22; Lev. 12:3 João 7:22; Lev. 18:5 Rom. 10:5.

Que período abrange Levítico? O livro de Êxodo termina quando se erige o tabernáculo "no primeiro mês, no segundo ano, no primeiro dia do mês". O livro de Números (que se segue imediatamente ao relato de Levítico) começa com Deus falando a Moisés "no primeiro dia do segundo mês, no segundo ano da saída deles da terra do Egito". Segue-se, portanto, que não poderia ter passado mais de um mês lunar para os poucos eventos de Levítico, consistindo a maior parte do livro em leis e regulamentos. Êx. 40:17; Núm. 1:1; Lev. 8:1-10:7; 24:10-23.

Quando Moisés escreveu Levítico? É razoável concluir que ele guardou um registro dos eventos ao passo que iam ocorrendo, e que escreveu as instruções de Deus à medida que as recebia. Isto é implícito na ordem de Deus a Moisés de escrever a condenação dos amalequitas logo após Israel tê-los derrotado em batalha. Ademais, certos assuntos no livro sugerem que foi escrito logo. Por exemplo, ordenou-se aos israelitas trazer animais que desejassem usar para alimentação à entrada da tenda de reunião, para serem abatidos. Esta ordem teria sido dada e registrada pouco depois do estabelecimento do sacerdócio. Muitas instruções são dadas para a orientação dos israelitas durante a sua viagem no ermo. Êx. 17:14; Lev. 17:3, 4; 26:46.

Por que se escreveu Levítico? Deus se propusera a ter uma nação santa, um povo santificado, colocado à parte para Seu serviço. Desde os dias de Abel, homens fiéis de Deus vinham oferecendo sacrifícios a Deus, mas foi primeiro à nação de Israel que Deus deu instruções específicas sobre ofertas pelo pecado e outros sacrifícios. Estes, segundo explicado em pormenores em Levítico, deixaram os israelitas cientes da excessiva pecaminosidade do pecado e incutiu-lhes na mente quão desagradáveis isto os tornava aos olhos de Deus. Tais regulamentos, como parte da Lei, serviram como tutor conduzindo os judeus a Cristo, mostrando-lhes a necessidade de um Salvador, e, ao mesmo tempo, serviam para mantê-los como povo separado do resto do mundo. Em especial as leis divinas sobre pureza cerimonial serviram para este último objetivo. Lev. 11:44; Gál. 3:19-25.

Como nova nação caminhando para uma nova terra, Israel necessitava de direção correta. Ainda não passara um ano desde o Êxodo, e os padrões de vida do Egito, bem como as suas práticas religiosas, ainda estavam vivos na mente deles. O casamento entre irmão e irmã era comum no Egito. Praticava-se a adoração falsa em honra de muitos deuses, alguns deles sendo deuses animais. Agora esta grande congregação estava a caminho de Canaã, onde a vida e as práticas religiosas eram ainda mais degradantes. Mas, observe de novo o acampamento de Israel. Engrossando a congregação havia muitos egípcios puros ou mestiços, uma multidão mista que vivia bem no meio dos israelitas e que nascera de pais egípcios e fora criada e instruída segundo os costumes, a religião e o patriotismo dos egípcios. Muitos destes, sem dúvida, até bem pouco antes, na sua terra, entregavam-se a práticas detestáveis. Quão necessário é que recebam agora orientações pormenorizadas de Deus!
Levítico traz em sua inteireza a marca da inspiração divina. Meros humanos não poderiam ter formulado as suas leis e seus regulamentos sábios e justos. Os seus estatutos relativos à alimentação, doenças, quarentena e tratamento de cadáveres revelam um conhecimento de fatos que os homens da medicina, do mundo, só vieram a conhecer milhares de anos mais tarde. A lei de Deus sobre animais impuros para alimentação protegeria os israelitas durante a sua viagem. Ela os protegeria contra a triquinose provinda de porcos, a febre tifóide e paratifóide de certos tipos de peixe e infecções provindas de animais encontrados mortos. Estas leis práticas visavam orientar a religião e a vida deles, para que permanecessem como nação santa e atingissem e habitassem a Terra Prometida. A história mostra que os regulamentos fornecidos por Deus resultaram em os judeus levarem definida vantagem sobre outros povos em questões de saúde.

O cumprimento das profecias e das prefigurações contidas em Levítico prova adicionalmente a sua inspiração. Tanto a história sagrada como a secular registram o cumprimento dos avisos de Levítico sobre as conseqüências da desobediência. Entre outras coisas, predisse que mães comeriam seus próprios filhos, por causa da fome. Jeremias indica que isto se cumpriu na destruição de Jerusalém, em 607 aC, e Josefo conta que isso aconteceu também na destruição posterior da cidade, em 70 dC. A promessa profética de que Deus se lembraria deles, se eles se arrependessem, cumpriu-se no retorno deles de Babilônia, em 537 aC. (Lev. 26:29, 41-45; Lam. 2:20; 4:10; Esd 1:1-6) Como testemunho adicional da inspiração de Levítico, há as citações que outros escritores da Bíblia fazem dele como sendo Escritura inspirada. Além dos textos citados anteriormente para provar que Moisés é o escritor, queira consultar Mateus 5:38; 12:4; 2 Coríntios 6:16 e 1 Pedro 1:16.

"Eu sou o Senhor." O tema de santidade permeia Levítico, que menciona este requisito mais do que qualquer outro livro da Bíblia. Os israelitas deviam ser santos porque Deus é santo. Certas pessoas, lugares, objetos e períodos foram reservados como santos. Por exemplo, o Dia da Expiação e o ano do Jubileu foram reservados como períodos de observância especial na adoração de Deus.
Em harmonia com a sua ênfase à santidade, o livro de Levítico frisa o papel que o derramamento de sangue, isto é, o sacrifício de uma vida, desempenhava no perdão dos pecados. Os sacrifícios de animais limitavam-se aos animais domésticos e limpos. Para certos pecados, requeria-se a confissão, a restituição e o cumprimento de uma penalidade, além do sacrifício. Para outros pecados, a penalidade era a morte.

CONTEÚDO DE LEVÍTICO 

Levítico consiste na maior parte em escrita legislativa, grande parte dela sendo também profética. No todo, o livro segue um esboço tópico, e pode ser dividido em oito partes, que seguem uma ordem sucessiva bastante lógica.

Regulamentos sobre sacrifícios (1:17:38). Os diversos sacrifícios caem em duas categorias gerais: de sangue, consistindo em bovinos, ovelhas, cabritos e aves; e exangues, consistindo em cereais. Os sacrifícios de sangue devem ser apresentados como ofertas (1) queimadas, (2) de participação em comum, (3) pelo pecado ou (4) pela culpa. Os quatro tipos de oferta têm as seguintes três coisas em comum: o próprio ofertante tem de trazer o animal à entrada da tenda de reunião, colocar as mãos sobre ele e daí o animal tem de ser abatido. Depois da aspersão do sangue, é preciso dar destino à carcaça segundo a espécie de sacrifício. Consideremos agora os sacrifícios de sangue, um por vez.

(1) As ofertas queimadas podem consistir num novilho, cordeiro, cabrito, rola ou pombo, dependendo das posses do ofertante. Têm de ser cortadas em pedaços e, com exceção da pele, a oferta toda tem de ser queimada sobre o altar. Em caso de rola ou de pombo, a cabeça tem de ser truncada com a unha, mas não decepada, e o papo e as penas removidos. 1:1-17; 6:8-13; 5:8.

(2) O sacrifício de participação em comum pode ser de um macho ou uma fêmea dos bovinos ou dos rebanhos. Só as partes gordurosas serão queimadas sobre o altar, certas porções cabendo ao sacerdote e o resto devendo ser comido pelo ofertante. É chamado apropriadamente de sacrifício de participação em comum, pois, mediante ele, o ofertante participa de uma refeição, ou tem comunhão, por assim dizer, com Deus e com o sacerdote. 3:1-17; 7:11-36.

(3) Exige-se uma oferta pelo pecado para pecados não intencionais, ou pecados cometidos por engano. O tipo de animal oferecido depende de quem é o pecado que será expiado do sacerdote, do povo como um todo, dum chefe ou duma pessoa comum. Dessemelhantes das voluntárias ofertas queimadas e de participação em comum para indivíduos, as ofertas pelo pecado são obrigatórias. 4:1-35; 6:24-30.

(4) As ofertas pela culpa são exigidas para expiar a culpa pessoal devido à infidelidade, à fraude e ao roubo. Em certos casos, a culpa requer que se confesse e se faça um sacrifício segundo as posses da pessoa. Noutros, exige-se a compensação equivalente à perda e mais 20 por cento, bem como o sacrifício de um carneiro. Nesta parte de Levítico, que trata das ofertas, proíbe-se enfática e repetidamente o comer sangue. 5:16:7; 7:1-7, 26, 27; 3:17.
Os sacrifícios exangues têm de ser de cereais e são oferecidos quer assados inteiros, quer pilados ou em farinha fina; preparados de vários modos, tais como assados, grelhados ou fritos em gordura. Devem ser oferecidos com sal e azeite e, às vezes, com olíbano, mas têm de estar totalmente isentos de fermento ou mel. Em certos sacrifícios, uma parte pertencerá ao sacerdote. 2:1-16.

Investidura do sacerdócio (8:1-10:20). Chega então o tempo para uma grande ocasião em Israel, a investidura do sacerdócio. Moisés cuida disso em todos os pormenores, como Deus lhe ordenara. "E Arão e seus filhos passaram a fazer todas as coisas que Deus ordenara por meio de Moisés." (8:36) Depois dos sete dias ocupados com a investidura, há um espetáculo milagroso e fortalecedor da fé. A assembléia inteira está presente. Os sacerdotes acabam de oferecer sacrifício. Arão e Moisés já abençoaram o povo. Daí, veja! "A glória de Deus apareceu . . . a todo o povo. E desceu fogo de diante de Deus e começou a consumir a oferta queimada e os pedaços gordos sobre o altar. Quando todo o povo chegou a ver isso, irromperam em gritos e prostraram-se sobre as suas faces." (9:23, 24) Deveras, Deus é digno da obediência e da adoração deles!
Contudo, há transgressões da Lei. Por exemplo, os filhos de Arão, Nadabe e Abiú, oferecem fogo ilegítimo perante Deus. "Saiu então fogo de diante de Deus e os consumiu, de modo que morreram perante Deus." (10:2) A fim de oferecerem sacrifícios aceitáveis e gozarem da aprovação de Deus, tanto o povo como os sacerdotes têm de seguir as instruções de Deus. Logo depois, Deus dá o mandamento de que os sacerdotes não devem tomar bebidas alcoólicas enquanto servem no tabernáculo, dando a entender que a embriaguez talvez tenha contribuído para a transgressão dos dois filhos de Arão.

Leis sobre a pureza (11:1-15:33). Esta parte trata da pureza cerimonial e higiênica. Certos animais, tanto domésticos como selvagens, são impuros. Todos os corpos mortos são impuros e tornam impuros a todos os que neles tocam. O nascimento duma criança também traz impureza e requer separação e sacrifícios especiais.
Certas doenças da pele, como a lepra, também causam impureza cerimonial, e a limpeza tem de ser aplicada não só a pessoas, mas também à roupa e às casas. Requer-se o isolamento. A menstruação e as emissões seminais resultam também em impureza, bem como os fluxos. Requer-se a separação nestes casos e, no restabelecimento, em adição, a lavagem do corpo ou a oferta de sacrifícios, ou ambas.

Dia da Expiação (16:1-34). Este é um capítulo notável, pois contém as instruções para o dia mais importante para Israel, o Dia da Expiação, que cai no décimo dia do sétimo mês. É um dia para afligir a alma (com toda a probabilidade com jejum) e não se permitirá nenhum trabalho secular. Começa com a oferta de um novilho pelos pecados de Arão e sua família, a tribo de Levi, seguida da oferta de um bode pelo restante da nação. Depois da queima do incenso, parte do sangue dos dois animais tem de ser trazida, por sua vez, para o Santíssimo do tabernáculo, a fim de ser aspergido perante a tampa da Arca. Mais tarde, as carcaças dos animais têm de ser levadas para fora do acampamento e ser queimadas. Neste dia tem de se apresentar também um bode vivo diante de Deus, e sobre ele tem de se declarar todos os pecados do povo, após o que tem de ser conduzido para fora, para o ermo. Daí, dois carneiros tem de ser oferecidos como ofertas queimadas, um para Arão e sua família, e outro para o restante da nação.

Estatutos sobre sangue e outros assuntos (17:1-20:27). Esta parte apresenta muitos estatutos para o povo. Proíbe-se outra vez o sangue, numa das mais explícitas declarações sobre sangue que existe nas Escrituras. (17:10-14) O sangue pode ser usado apropriadamente no altar, mas não para consumo. Proíbem-se práticas detestáveis, como incesto, sodomia e bestialidade. Há regulamentos para a proteção dos aflitos, dos humildes e dos estrangeiros, e dá-se o mandamento: "Tens de amar o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor." (19:18) Resguarda-se o bem-estar social e econômico da nação, e os perigos espirituais, tais como a adoração de Moloque e o espiritismo, são proscritos, sob pena de morte. Deus frisa outra vez a necessidade de seu povo manter-se separado: "E tendes de mostrar-vos santos para mim, porque eu, Deus, sou santo, e estou passando a separar-vos dos povos para vos tornardes meus." 20:26.

O sacerdócio e as festividades (21:1-25:55). Os três capítulos seguintes tratam principalmente da adoração formal de Israel: os estatutos que governam os sacerdotes, as suas qualificações físicas, com quem podem casar-se, quem pode comer coisas sagradas e os requisitos quanto a animais sadios que devem ser usados em sacrifícios. Ordenam-se três festividades nacionais sazonais, proporcionando ocasiões de 'alegria perante Deus, vosso Deus'. (23:40) Como um só homem, a nação voltará assim a sua atenção, louvor e adoração a Deus, fortalecendo a sua relação com ele. Essas são festividades para Deus, santos congressos anuais. A Páscoa, juntamente com a Festividade dos Pães Não Fermentados, é marcada para princípios da primavera; o Pentecostes, ou a Festividade das Semanas, em fins da primavera; e o Dia da Expiação, juntamente com a Festividade das Barracas, ou Recolhimento, de oito dias, no outono.
No capítulo 24, dá-se instrução relativa ao pão e ao azeite a serem usados no serviço do tabernáculo. Segue-se ali o incidente em que Deus decide que todo aquele que abusar do "Nome" sim, o nome Senhor, tem de ser morto por apedrejamento. Declara a seguir a lei da punição de igual por igual: "Olho por olho, dente por dente." (24:11-16, 20) No capítulo 25, acham-se regulamentos sobre o sábado de um ano, ou ano de repouso, a ser comemorado a cada 7 anos, e o Jubileu, a cada 50 anos. Neste 50.° ano, deve-se proclamar a liberdade em todo o país, e as propriedades hereditárias vendidas ou cedidas durante os últimos 49 anos devem ser restituídas. Dão-se leis que protegem os direitos dos pobres e dos escravos. Nesta parte, o número "sete" aparece destacadamente o sétimo dia, o sétimo ano, festividades de sete dias, um período de sete semanas, e o Jubileu, a vir depois de sete vezes sete anos.

As conseqüências da obediência e da desobediência (26:1-46). O livro de Levítico atinge o seu clímax neste capítulo. Deus alista aqui as recompensas pela obediência e os castigos pela desobediência. Ao mesmo tempo, apresenta a esperança para os israelitas se estes se humilharem, dizendo: "Vou lembrar-me, em seu benefício, do pacto dos antecessores que fiz sair da terra do Egito sob os olhares das nações, para mostrar-me seu Deus. Eu sou o Senhor." 26:45.

Estatutos diversos (27:1-34). Levítico termina com instruções sobre o manejo das ofertas votivas, sobre o primogênito para Deus e sobre a décima parte que é santificada para Deus. Daí, vem o breve colofão: "Estes são os mandamentos que Deus deu a Moisés como ordens para os filhos de Israel, no monte Sinai." 27:34.

POR QUE É PROVEITOSO PARA NÓS: 

Como parte das Escrituras inspiradas, o livro de Levítico é de grande proveito para os cristãos hoje. É ajuda maravilhosa para se ter apreço por Deus, seus atributos e seus modos de tratar as suas criaturas, conforme demonstrou tão claramente para com Israel sob o pacto da Lei. Levítico declara muitos princípios básicos que sempre vigorarão, e contém muitos modelos proféticos, bem como profecias, cuja consideração fortalece a fé. Muitos de seus princípios são declarados outra vez nas Escrituras Gregas Cristãs, alguns deles sendo citados diretamente. Sete pontos de realce são considerados abaixo.

(1) A soberania de Deus. Ele é o Legislador, e nós, como criaturas suas, temos de prestar-lhe contas. De direito, ele nos ordena que o temamos. Como Soberano Universal, ele não tolera rivalidade, seja esta em forma de idolatria, de espiritismo ou de outras formas de demonismo. Lev. 18:4; 25:17; 26:1; Mat. 10:28; Atos 4:24.

(2) O nome de Deus. O seu nome precisa ser mantido sagrado, e não nos atrevemos a trazer opróbrio sobre ele mediante palavras ou ações. Lev. 22:32; 24:10-16; Mat. 6:9.

(3) A santidade de Deus. Visto que ele é santo, seu povo precisa também ser santo, isto é, santificado ou separado para o Seu serviço. Isto inclui mantermo-nos separados do mundo ímpio que nos cerca. Lev. 11:44; 20:26; Tia. 1:27; 1 Ped. 1:15, 16.

(4) A excessiva pecaminosidade do pecado. É Deus quem determina o que é pecado, e nós precisamos precaver-nos dele. O pecado sempre requer um sacrifício de expiação. Além disso, requer também da nossa parte a confissão, o arrependimento e corrigir a situação ao máximo possível. Para certos pecados não pode haver perdão. Lev. 4:2; 5:5; 20:2, 10; 1 João 1:9; Heb. 10:26-29.

(5) A santidade do sangue. Visto que o sangue é sagrado, não pode ser ingerido. O único uso permitido do sangue é como expiação pelo pecado. Lev. 17:10-14; Atos 15:29; Heb. 9:22.

(6) Relatividade da culpa e da punição. Nem todos os pecados e os pecadores eram considerados à mesma luz. Quanto mais elevado o cargo, tanto maiores eram a responsabilidade e a penalidade pelo pecado. O pecado deliberado era punido de modo mais severo do que o pecado não intencional. As penalidades variavam muitas vezes segundo a habilidade de pagar. Este princípio de relatividade se aplicava também nos campos que não fossem de pecado e de punição, como na impureza cerimonial. Lev. 4:3, 22-28; 5:7-11; 6:2-7; 12:8; 21:1-15;Luc12:47,48; Tia. 3:1; 1 João 5:16.

(7) Justiça e amor. Resumindo os nossos deveres para com o próximo, Levítico 19:18 diz: "Tens de amar o teu próximo como a ti mesmo." Isto abrange tudo. Torna proibitivo mostrar parcialidade, roubar, mentir ou caluniar, e requer que se mostre consideração para com os incapacitados, os pobres, os cegos e os surdos. Lev. 19:9-18; Mat. 22:39; Rom. 13:8-13.

Também, provando que Levítico é notavelmente 'proveitoso para ensinar, para repreender, para endireitar as coisas, para disciplinar em justiça' na congregação cristã, há as repetidas referências feitas a ele por Jesus e seus apóstolos, notavelmente Paulo e Pedro. Estes trouxeram à atenção os muitos modelos proféticos e as sombras das coisas por vir. Segundo observou Paulo: "A Lei tem uma sombra das boas coisas vindouras." Delineia uma 'representação típica e sombra das coisas celestiais'. 2 Tim. 3:16; Heb. 10:1; 8:5.

O tabernáculo, o sacerdócio, os sacrifícios e em especial o anual Dia da Expiação tiveram todos um significado prefigurativo. A carta aos hebreus, ajuda-nos a identificar as partes correspondentes espirituais destas coisas, em relação com a "verdadeira tenda" da adoração de Deus. (Heb. 8:2) O principal sacerdote, Arão, representa a Cristo Jesus "como sumo sacerdote das boas coisas que se realizaram por intermédio da tenda maior e mais perfeita". (Heb. 9:11; Lev. 21:10) O sangue dos sacrifícios de animais prefigura o sangue de Jesus, que obtém "para nós um livramento eterno". (Heb. 9:12) O compartimento mais recôndito do tabernáculo, o Santíssimo, onde o sumo sacerdote entrava apenas uma vez por ano, no Dia da Expiação, para apresentar o sangue sacrificial, é "cópia da realidade", o "próprio céu", para o qual Jesus ascendeu, "para aparecer agora por nós perante a pessoa de Deus". Heb. 9:24; Lev. 16:14, 15.

As próprias vítimas sacrificiais animais sadios e sem mácula oferecidos como ofertas queimadas ou pelo pecado representam o sacrifício perfeito e sem mácula do corpo humano de Jesus Cristo. (Heb. 9:13, 14; 10:1-10; Lev. 1:3) É interessante que o autor considera também a característica do Dia da Expiação, em que as carcaças dos animais das ofertas pelo pecado eram levadas para fora do acampamento e queimadas. (Lev. 16:27) "Por isso, Jesus também sofreu fora do portão. Saiamos, pois, a ele, fora do acampamento, levando o vitupério que ele levou". (Heb. 13:12, 13) Mediante tal interpretação inspirada, os procedimentos cerimoniais, esboçados em Levítico, assumem importância maior, e podemos começar, deveras, a compreender quão maravilhosamente Deus fez ali sombras que inspiram respeito, indicando as realidades que só poderiam ser esclarecidas mediante o Espírito Santo. (Heb. 9:8) Tal entendimento correto é vital para os que querem tirar proveito da provisão para a vida que Deus faz mediante Cristo Jesus, o "grande sacerdote sobre a casa de Deus". Heb. 10:19-25.

Semelhante à casa sacerdotal de Arão, Jesus Cristo, qual Sumo Sacerdote, tem subsacerdotes associados consigo. Fala-se a respeito destes como sendo "sacerdócio real". (1 Ped. 2:9) Levítico indica claramente e explica o trabalho de expiar pecados feito pelo grande Sumo Sacerdote e Rei de Deus, bem como os requisitos exigidos dos membros de sua casa, dos quais se fala como sendo 'felizes e santos', e 'sacerdotes de Deus e do Cristo, e reinando com ele por mil anos'. Que bênção esse trabalho sacerdotal realizará em soerguer humanos obedientes à perfeição, e que felicidade esse Reino celestial trará, restaurando a paz e a justiça! Certamente, devemos todos agradecer ao Deus santo, Deus, o seu arranjo de um Sumo Sacerdote e Rei, e de um sacerdócio real para declarar em toda a parte as Suas excelências, em santificação de Seu nome! Deveras, Levítico se une de modo maravilhoso a "toda a Escritura" em dar a conhecer os propósitos do Reino de Deus. Ap. 20:6.


FESTAS DE ISRAEL (Lev. Cap. 23)
FestaMês do ano sagradoDiaMês do ano solar (atual)
Páscoa
(Êx.12:1-4;Lv.23:5)
1 (Abibe)
14
Março-Abril

Pães Asmos 
(Ex.12:15-20;Lv.23:6-8)
1 (Abibe)
15-21
Março-Abril

Primícias
(Lv 23:9-14)
1 (Abibe)
3 (Sivã)
16
6
Março-Abril
Junho-Julho

Semanas
(Colheitas ou Pentecostes)
(Êx.23:16; 34:22; Lv.23:23-25)
3 (Sivã)
(50 dias após a colheita da cevada)
Maio-Junho

Trombetas
(Rosh Hashanah)
(Lv. 23:23-25)
7 (Tisri)
1
Setembro-Outubro

Dia da Expiação 
(Yom Kippur)
(Lv. 16;23:26-32)
7 (Tisri)
10
Setembro-Outubro

Tabernáculos
(Tendas ou Colheita)
(Êx.23:16; 34:22; Lv. 23:33-36)
7 (Tisri)
15-22
Setembro-Outubro




* Festas principais, para as quais todos os israelitas adultos, do sexo masculino, tinham a obrigação de viajar ao templo de Jerusalém

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