Uma igreja vem contando com a colaboração de outras congregações para
realizar um culto que já dura dois meses. A iniciativa, que já é
tratada como o mais longo culto já realizado, não tem intenção de bater
recordes, mas de proteger uma família de membros de serem deportados.
O templo da Igreja Bethel é o palco dessa celebração sem precedentes,
que conta com ministrações conduzidas também por sacerdotes da Igreja
Protestante da Holanda e de outras denominações. O motivo é simples:
como a lei impede que as autoridades interrompam o culto para deter a
família Tamrazyan, que corre risco de deportação, o iniciado às 13h30 do
dia 26 de outubro, culto não pode parar.
De acordo com o jornal The New York Times,
a família ganhou o apoio da comunidade cristã e de seus pastores para
evitar que seja deportada de volta para a Armênia, onde o patriarca
sofre risco de morte por conta de seu ativismo político. Eles vivem na
Holanda há nove anos, fugidos do país de origem, mas não se chegou a uma
alternativa legal para que se garanta sua permanência, e seu pedido de
asilo foi negado.
A imprensa de todo o mundo vem relatando o curioso caso do culto
interminável, sempre pontuando que a estratégia adotada pela comunidade
cristã na Holanda explora uma saída legal para proteger o pai, a mãe e
os três filhos, de 14, 19 e 21 anos.
Um ponto ainda não esclarecido pelas pessoas que vêm dando suporte à
família envolve as ameaças à família. Até hoje não se apontou quem
seriam os envolvidos na suposta perseguição e quais são os
posicionamentos políticos adotados pelo patriarca ao custo da própria
vida.
Enquanto isso, a comunidade cristã se organizou com escala de
horários a serem cumpridos, com muitas pessoas comparecendo em momentos
alternados a fim de garantir que o culto continue ininterruptamente.
“Existem mais de 450 pastores, sacerdotes, diáconos e líderes religiosos
de todo o país, e de todas denominações, que pediram para fazer parte
da escala de serviços religiosos”, contou o pastor da Bethel, Axel
Wicke.
A estratégia da igreja recebeu, inclusive, apoio de cristãos de
outros países. “Tivemos ajuda até do exterior, houve sermões em inglês,
francês e alemão. Isso nos comoveu muito. Muitas vezes vejo um pastor
entregar o púlpito a outro, de denominação diferente, com a qual o
primeiro nada teria a ver em termos litúrgicos”, enfatizou.
Theo Hettema, presidente do Conselho Geral dos Ministros
Protestantes, disse que a igreja queria criar um diálogo com o governo
sobre o dilema desta família. “Fazemos o que sempre fazemos: um culto na
igreja, mas depois continuamos — assim como a necessidade de ser
apoiado é contínua. Fazemos isso para encorajar esta família a mostrar
que estamos com eles como Igreja, que existe um Deus que não deixa
ninguém desamparado”.
Fonte: Gospel Mais
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