domingo, 29 de novembro de 2020

A CÉSAR O QUE É DE DEUS - Por Yago Martins


Foto: facebook.com/doisdedosdeteologia

 Quando Jesus diz que damos a Deus o que é de Deus e a César o que é de César, ele implica que não damos a César o que é de Deus. Escrevendo aos Romanos, Paulo diz que damos aos governantes o que lhes é devido, mas nada além: imposto e obediência às leis. Pedro é mais explícito, e depois de parafrasear Paulo, diz que honramos ao rei, mas só tememos a Deus. Como pastores de almas, Jesus, Paulo e Pedro pareciam mais preocupados com a postura dos cristãos diante dos políticos do que com os resultados práticos da política. Não que este seja desimportante, mas economia e sociedade são pouco em comparação com alma e coração. Os poderes temporais vêm e vão, mas os efeitos da submissão ideológica, da adoração civil ou da escatologia secular secam o espírito até o encontro com a eternidade.


Muitos são os sinais de que damos a César o que é de Deus. É quando nos dispomos a seguir incondicionalmente. E quando proclamamos com insistência. É quando defendemos com pressa. É quando fechamos os olhos para os defeitos, e quando os defeitos se acumulam, tratamos como pouco importantes. É quando julgamos o adversário como o mal absoluto. É quando achamos que só ele pode nos salvar. É quando ele nos preocupa. É quando ele move a história para uma batalha cósmica entre bem e mal. É quando nos dedicamos a ler sobre ele mais que sobre qualquer outra coisa. É quando nos congregamos em torno de quem também o ama, e tratamos como inferiores quem está fora do grupo. É quando quem discorda é canalha. É quando quem muda de ideia vira traidor. É quando excomungo para fora da minha vida quem não o trata do mesmo modo.

Tudo pode se tornar um deus em nossos corações. Esposas, filhos, alimentos, prazeres, recursos, opiniões, sonhos... dizem que há mais ídolos que realidades no mundo. Você pode achar um político melhor que outro. Você pode dar seu voto. Mas você não dá sua devoção. Deus acima de todos, até do presidente.

Texto publicado originalmente no Instagram @doisdedosdeteologia

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