sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Brasil sediará projeto de tradução da Bíblia revolucionário

Software usará oralidade para oferecer as Escrituras a 800 mil ciganos
por Jarbas Aragão 


A língua oficial do Brasil é o português, mas existem mais de duas centenas de etnias que falam línguas nas quais a Bíblia não está disponível. A língua calon, também chamada de chibi, possui até o momento somente a tradução do Livro de Rute.
O projeto em andamento para verter o Novo Testamento no idioma, iniciado em 2012, ainda não foi concluído.
A missão Amigos dos Ciganos explica que já existem igrejas evangélicas entre esse povo no país, mas eles carecem de conhecer a Palavra de Deus em sua própria língua. Na verdade, o idioma cigano é de ensino proibido na maioria dos acampamentos, por isso a tradução passará a ser feita com métodos que utilizam a oralidade.
Com cerca de 800 mil falantes, essa língua foi escolhida como a primeira a usar um software que pode revolucionar o processo de tradução bíblica. Chamado de Render, ele poderá ajudar a disponibilizar o Livro de Gênesis dentro de um ano.
De acordo com a agência de notícias ASSIST, esse novo tipo de programa utiliza uma técnica de renderização que agiliza o processo, facilitando o acesso para as culturas orais. Segundo Jonathan Huguenin, vice-presidente da Comes By Hearing [A Fé Vem pelo Ouvir], falantes nativos já receberam um treinamento e trabalharão em parceria com missionários estrangeiros, ligados à Seed Company, uma afiliada da Wycliffe Bible Translators; além de três organizações missionárias brasileiras.
Os membros da etnia Calon estão espalhadas por todo o Brasil. Eles descendem de ciganos que imigraram da Europa a partir do século 16 para escapar da Inquisição. Sempre foram vítimas de preconceito, muitas vezes deixando de enviar os filhos à escola para se proteger de agressões. Por isso, uma parcela deles é analfabeta.
Robin Green, coordenador do projeto Render, está confiante no sucesso. Em nota, ele disse “Ver esse trabalho foi um dos momentos mais gratificantes da minha vida”. Lembra ainda que existem mais de 1.800 culturas orais como os Calon – totalizando perto de 1 bilhão de pessoas – que não têm a Bíblia em sua própria língua. Acredita que o sucesso do projeto no Brasil pode ser significativo para se alcançar muitos outros.
A mudança se deve ao fato de que, historicamente, os tradutores da Bíblia sempre tiveram de criar uma linguagem escrita para estes grupos étnicos, antes de pensar em gravar uma Bíblia em áudio que as pessoas pudessem usar. O processo de tradução sempre demora anos. Os tempos mudaram e até as tecnologias mais avançadas estão amplamente difundidas.

O missionário Ralph Hill, que trabalha como consultor de tradução oral na Seed Company, comemora: “Agora é possível traduzir e gravar em primeiro lugar. Se desejarem, poderão imprimir mais tarde.” Sendo assim, o processo todo é acelerado muitas vezes, sem comprometer a sua integridade.
Fonte: Gospel Prime

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